18 de julho de 2009

"Não, eu não posso fazer isso com ela", pensou, pondo os pés para fora da pensão. "Tudo o que eu mais queria era a sua felicidade, só isso", não se conformando com a desgraça que causara em tão pouco tempo.


Nadia havia terminado o segundo ano de estágio no laboratório bem distante da pensão. Voltava, pela última vez, da tal clínica. Dobrando a esquina, tão distraída com as folhas de registro, tromba com aquela que seria sua mais nobre razão de viver: Ana.
Meio assustada e sem jeito, desculpa-se três vezes seguidas, mas logo percebe a risada da garota e vê que... está tudo bem.
A troca de olhares não foi suficiente. (Não) gostariam de se trombar por ali novamente.
No travesseiro, a ausência daquele sorriso envolvia ambas as partes. Vozes perturbavam seu sono. Desejava ao menos, saber o nome de quem roubava seus pensamentos. Um tanto otimista demais, Nadia sabia que aquela seria a face com quem deitaria todos os dias de seu futuro previsível. Buscava tão já, desejos intensos, risadas sem motivos, lembranças para os filhos... ESPERE! Ela nunca mais veria aquele sorriso. É, aquele sorriso era único, a palidez natural de sua pele e o sopro de sua risada estavam prestes a desabrocharem. Deu receio de partir daquele lugar por saber que assim ela não veria mesmo sua amada.







Sem mais por hoje. (L)

16 de julho de 2009

Amoródio!

Servida de muito chá, bolachas e guardanapos, ela rendia-se diante da família naquele último encontro. Era a despedida mais desejada em seus profundos pensamentos. Não aguentava mais tudo aquilo, toda aquela pressão moralista cheia de ironias e desconfiança por parte de alguns que moravam na mesma pensão.
Terminou de recolher os farelos de bolacha, tanto da mesa quanto do colo, e já estava contando os minutos para presenciar seu quarto pela última vez. Nenhum sorriso a convencia mais.
Trancou a porta e ficou presa por um instante quando chegou há três anos. Dentro de si era uma imensidão, e para o resto cabia seu mundinho particular. Entregou as chaves a Nadia e saiu silenciosamente pela recepção.
A corrida mais rápida que fez não permitiu espaço para saudade e lágrimas.

Precisou afastar-se do inferno que construíra com sua nova parceira. Era toda a felicidade indo embora feito água no ralo. Ela ainda vai se recompor, eu garanto.





(continua, algum dia)

12 de julho de 2009

Pessoas são bichos


Tanta gente te conhece por cortinas que nunca deveriam ser abertas, sabia?
Pensei muito antes de postar aqui hoje, afinal quem verá toda essa baboseira derretida não deixa de ser pessoa. Mas, se quiser, continue a avaliar você mesmo linhas abaixo. (desculpe se a realidade é tão crua)



É um tanto quanto absurdo pensarmos se as pessoas que nos rodeiam fazem parte de nossos dias como nossa roupa, nosso relógio, nosso sutiã ou qualquer outra porcaria que você use e não sai de você o dia todo. Elas parecem nos acompanhar, auxiliar, morrer por nós, mas parecer não é e nunca será ser.
É triste? É muito forte para você?
Isso quebra mais meu coração, pois enxergo isso há semanas, meses...
Embora toda garota tenha sua melhor amiga, todo cachorro confie essencialmente em seu dono, todo bom marido não perca os velhos parceiros de cerveja, nada disso exclui a possibilidade de estar intensamente sozinho.

Não sei exatamente, mas é tão difícil confiar em alguém. É como uma maratona quilométrica que nunca aparece a faixa de chegada, ou seja, por mais que tente, não terá um ser permanente ao seu lado.

(Um dia desses querendo libertar-me da Fabiana que ele conheceu, acabei com tudo, estraguei o único confidente que tinha. O momento que passei está a cada dia deixando mais marcas de que nada ocorre por acaso.)



Ainda presencio bichos que estão a espera da nossa morte, de nossa desgraça. Para eles, terá o momento do 'bote'. Para nós, alertas não nos faltam. O que falta é enxergar.
Até onde vai a trajetória humana em pontes finas de conhecimento e liberdade?

Quero que você acorde para o mundo!
E se não for agora, aguarde o príncipe encantando e será feliz para sempre, viu? ¬¬